Pronome neutro: é válido ou não?
Ultimamente vem sido muito discutido, principalmente na internet, a validação do pronome neutro, que nada mais é que a utilização de vogais temáticas para neutralizar o gênero de algumas palavras quando estiver se referindo a alguma pessoa ou a um conjunto de pessoas, assim incluindo quem não se encaixa na binariedade de gênero. Muitos invalidam essa prática com o argumento de que isso está “estragando” a língua portuguesa, mas será que é isso mesmo, ou apenas intolerância e falta de empatia?
Alguns professores, gramáticos e estudantes da língua portuguesa dizem que a língua já é neutra, pois os pronomes masculinos “ele, eles” e “o, os” já são usados para neutralizar, mas deve ser levado em conta que, na nossa sociedade, não existem apenas homens e mulheres, mas também pessoas que não se encaixam nesses rótulos. Afinal, o que é ser homem ou mulher? Não é sobre roupas ou sexo biológico, é sobre se sentir assim, porém, desde que nascemos, somos colocados em “caixas” de acordo com nosso sexo biológico, e muitas pessoas certamente não vão se encaixar nesse padrão, e é por isso que as pessoas trans existem, e merecem respeito.
A validação do pronome neutro nem deveria ser discutida a partir do momento em que é uma questão pessoal de inclusão, além de ser uma alternativa de neutralização que não usa pronomes masculinos para abranger mais de um gênero e, mesmo que ainda não seja oficializado aqui no Brasil, deve ser utilizado socialmente por uma questão de respeito. As línguas estão vivas e em constante mudança e evolução, são produtos sociais, e a prova disso é que em alguns países os pronomes neutros logo poderão ser encontrados nos dicionários, como nos Estados Unidos e na Suécia.
Linguagem neutra não é trocar o artigo da palavra pelo “@” ou pelo “X”, foi entendido apenas recentemente que isso causa dificuldade para pessoas com deficiência visual e auditiva, sendo assim, as pessoas que usam o argumento de que a linguagem neutra é “capacitista”, para invalidação dela, estão erradas. O uso dessa linguagem consiste em utilizar o “E” como desinência nominal em palavras que possuem flexão de gênero, e para os pronomes pessoais de terceira pessoa a opção mais popular é “Elu”.
Nossa língua está, e sempre estará, em evolução, e nós sempre nos adaptamos as mudanças. O pronome neutro preza pela inclusão e isso pode incomodar alguns conservadores da língua que se negam a enxergar isso. Para entender, basta pensar em como você, cis gênero se sentiria se fosse chamado por “Elu” ao invés de “Ela” ou “Ele”, é o mesmo incômodo que pessoas não-binárias sentem em boa parte de suas vidas.
Milena Paula Nunes Navarro